A Igreja não tem garantias de que ela sempre terá um papa (sem interrupções); mas quando ela possui um, é garantida à ela um que seja Católico.

Saturday, December 17, 2016

Heresia: O Pecado x O Crime


Alguns autores levantaram a seguinte objeção: Ninguém pode se tornar um verdadeiro herege, ao menos que ele seja primeiro
advertido ou admoestado pela autoridade da Igreja de que ele esteja rejeitando um dogma. Somente a partir daí ele terá a "pertinácia" (desobediência numa falsa crença) requerida para [se concretizar em] heresia.
Esse argumento confunde uma distinção que os canonistas fazem entre dois aspectos da heresia:

(1) Moral: Heresia como pecado (peccatum) contra a lei divina.

(2) Canônica: Heresia como um crime (delictum) contra a lei canônica.

A distinção moral/canônica é fácil de compreender se aplicarmos-a a lei do aborto. Existem dois aspectos em que podemos considerar o aborto:

(1) Moral: Pecado contra o 5º Mandamento que resulta na perda da graça santificante.

(2) Canônico: Crime contra o cânon 2350.1 do Código de Direito Canônico que resulta em excomunhão automática.

No caso da heresia, as advertências só ocorrem no canônico crime de heresia. [Mas] essas não são requeridas como condição para cometer o pecado de heresia contra a lei divina.

O canonista Michael expõe essa clara distinção para nós: "Pertinácia não inclui, necessariamente, uma longa obstinação ou advertências da Igreja." A condição para o pecado de heresia é uma coisa; a condição para o crime canônico de heresia, passível de punição pela lei canônica, é outra coisa." (Michael, "Héresie," em DTC 6:2222)

É nesse sentido que o pecado público de heresia do papa extirpa-o da autoridade de Cristo. "Se, de fato, acontecesse essa situação", disse o canonista Coronata, "ele [o Romano Pontífice] perderia, pela lei divina, e sem nenhuma sentença, seu ofício." (ibidem)


Fonte: Traditionalists, Infallibility and the Pope, (Appendix II, pg. 26 - Fr. Anthony Cekada)

A farsa do "Pequeno Catecismo sobre o Sedevacantismo", publicado pelos Dominicanos de Avrillé (FSSPX/Resistance)


A história começa em Avrillé com a publicação dos Dominicanos: "O Pequeno Catecismo sobre o Sedevacantismo". A primeira edição deste "pequeno catecismo" apareceu em Le Sel de la Terra em 2001, e apesar de muitos anos terem se passado desde então, os argumentos apresentados nesta publicação formaram a mentalidade dos fiéis FSSPX, dando a maioria deles uma paz mental com relação à posição de sua Fraternidade estar com o papa, ao mesmo tempo que se opõe a ele no ensino e na disciplina. O autor do "Pequeno Catecismo sobre o Sedevacantismo", Pe. Boulet parece estar dando uma investigação detalhada de todos os possíveis argumentos a favor e contra o sedevacantismo. Na realidade, este dito catecismo está funcionando como um muro protetor em relação ao menor pensamento que vague pela área do sedevacantismo. Ele provavelmente foi intencionado a imunizar as pessoas da FSSPX contra o sedevacantismo e, claro, para manter essa imunização válida, o texto ou os fragmentos dele foram propagados em vários outros artigos e boletins, até que seus parágrafos fundamentais foram profundamente infundidos em suas razões e consciências.


Perguntas e respostas usadas como num catecismo são usadas para convencer aqueles que estão em dúvida sobre a "questão do papa", se um papa, embora sendo um herege manifesto, continua sendo o papa da Igreja Católica. A maioria dos leitores do Catecismo de Boulet estariam convencidos da visão apresentada porque, invocando os grandes teólogos, ele parece se referir ao ensino da Igreja. Os nomes dos teólogos serviram para construir com a autoridade irrefutável das próprias opiniões de Boulet; é claro que ele expressou a posição da FSSPX.




A confiança simples e honesta no trabalho de Boulet pode ser observada nos muitos fóruns e blogues da Internet, aonde o "Catecismo" sobre o sedevacantismo é fielmente citado e suas sentenças circulam, são estimadas, e vistas como quase infalíveis. Os fiéis começaram a usar a tese de Boulet em seus debates privados e públicos, sabendo de algum modo que quem não aceitasse as frases dadas como uma bandeja cheia de sabedoria, seriam seus inimigos.

Essa autoridade que Boulet adquiriu usando os nomes dos verdadeiros defensores da Igreja Docente, até certo ponto, provou seu valor - mesmo quando aqueles que liam sabiam que a posição da FSSPX era falsa. Os polêmicos não aprofundaram muito nas referências teológicas (supostamente) dadas no Catecismo; eles se concentraram mais em argumentar contra a tese anti-sedevacantista do Pe. Boulet. Aqui, refiro-me a polemistas como Pe. Ricosta (2), John Lane (3) e Steven Speray (4).

Deve-se mencionar que o "Catecismo" dos Dominicanos foi publicado em quase todos os sites da FSSPX e traduzido para vários idiomas. A seguinte publicação da revista apareceu em 2004 (5), mas houve re-impressões freqüentes, especialmente quando um conclave estava ocorrendo. A abordagem anti-sedevacantista da escrita Dominicana foi aceita até mesmo pela nova onda dos "Reconhecer e Resistir" - a chamada Resistência - um movimento organizado pelos Frs. Pfeiffer, Hewko e Chazal. Podemos ver uma ponte estável entre o Catecismo Dominicano e o artigo do Pe. Chazal [Long Live Emperor Nullaparte] (publicado na principal imprensa da Resistência, o The Recusant (6)), como Pe. Chazal se referiu e copiou as referências do teólogo Dominicano.

Passemos agora ao texto do Rev. Boulet. Uma análise mais detalhada do mesmo será feita mais adiante. Por hora, antes mesmo de olhar para a tese do Catecismo Dominicano, olhemos mais de perto as provas e as referências dadas.

Se as provas fossem certas, teríamos que seguir (examinar) a retórica e suas conclusões. Em seu trabalho, o Pe. Boulet procura apoiar seu ímpeto anti-sedevacantista referindo-se aos renomados teólogos: São Belarmino, Billuart e Garrigou-Lagrange.

De acordo com o Pe. Boulet, esses teólogos promovem a opinião de que um papa manifestamente herético pode ainda ser um papa da Igreja.

Gostaria que os leitores examinassem comigo a maneira pela qual o Pe. Boulet "apontou" e mostrou esses três teólogos, como apoiadores da idéia da FSSPX de que hereges públicos reinariam validamente sobre a Igreja.


Notas de rodapé:

(1) Por exemplo, http://decemrationis.yuku.com/topic/64/Father-GL-on-a-heretic-as-pope#.WArSj-grKM9 , http://www.fisheaters.com/forums/index.php?topic=2197126.0 - Esse modo é amplamente apresentado

(2) http://wordpress.catholicapedia.net/wp-content/uploads/2015/01/Ab-Ricossa_Le-Sel-de-la-terre_et_le-sedevacantisme.pdf

(3) novusordowatch.org/wp-content/uploads/sspx_dossier_sede.pdf

(4) stevensperay.wordpress.com/2013/05/04/sedevacantism-and-rev-dominique-boulet-sspx/.

(5) fsspx.com/Communicantes/Dec2004/Is_That_Chair_Vacant.htm ; Houve também outras versões, com os mesmos argumentos e o mesmo esquema de argumentação, mas escritas (re-escritas) por diferentes autores, por exemplo: http://www.catholicapologetics.info/modernproblems/currenterrors/sede.htm

(6) www.therecusant.com/chazal-nullaparte-july2014)


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1. Por que a palavra adicional, "formal", foi adicionada ao argumento de São Roberto Belarmino?


Em seu Catecismo, Padre Boulet se refere a St. Roberto Belarmino:

"São Roberto Belarmino diz que um papa que formalmente e manifestamente se tornasse um herege perderia o pontificado." (1)

Em De Controversis: Em relação ao Romano Pontífice podemos encontrar a conclusão de São Belarmino referente a um papa herético:

"A verdadeira opinião é que um Papa que é um herege manifesto, deixa de ser papa e cabeça, assim como cessa em si mesmo de ser um cristão e membro do corpo da Igreja". (2)

"[E] que um herege manifesto seria ipso facto deposto, é provado pela autoridade e a razão." (3)
Além disso, no Capítulo "Se um Papa Herético Pode Ser Deposto", S. Belarmino desaprovou a opinião "de que o Papa não é e não pode ser deposto por sua heresia secreta ou manifesta", e concluiu que "seria a condição mais miserável da Igreja, se ela fosse compelida a reconhecer um lobo, manifestamente rondando, por um pastor "(4) - este contexto deve ser especialmente fatídico em relação à teoria da FSSPX de reconhecer um herege como pastor.

Surpreendentemente, o Pe. Boulet não tocou nesta parte da palestra de S. Belarmino, não mencionou e nem investigou nada.

(Para explicações e definições dos diferentes tipos de heresia, clique aqui.)


Boulet "enriqueceu" sua quase-citação do Santo. No texto de Boulet, junto com o "herético manifesto" de S. Belarmino, uma condição adicional é acrescentada - "formal"; assim, portanto, a sentença discute o caso de um "herege formal e manifesto". À primeira vista, parece que essa pequena adição não muda nada - mas ao olhamos de novo percebemos a magnitude dessa manipulação enganosa. É óbvio que São Belarmino em sua declaração não quis se referir a um herege material, baseado na ignorância invencível. De qualquer modo, a manifestação de uma heresia por um herege seria uma condição suficiente para que S. Belarmino o reconhecesse como um herege. Ele não estabeleceu mais condições, como um grau interno de consciência, ou uma razão interna do herege manifesto - "porque os homens não são obrigados, ou capazes, de ler corações, mas quando vê que alguém é um herege por suas obras externas, julgam-no como um herege puro e simples, e o condenam como um herege. "(5) Um ato externo, como algo visível e manifesto, é suficiente para julgar um herege. 

Contrariamente a isso, a publicação da FSSPX, ao usar a opinião de S. Belarmino de modo afirmativo, declarou:

"Mas se [o papa] frequentemente faz afirmações heréticas ou declarações que levam à heresia, não pode ser facilmente demonstrado que ele está ciente de rejeitar qualquer dogma da Igreja. E enquanto não há prova concreta, então é mais prudente se abster de julgar ".

Parece que "O pequeno Catecismo sobre o Sedevacantismo" está provando sua visão sobre a autoridade de São Roberto Belarmino; na verdade, a opinião do Santo é falsamente usada pelo Pe. Boulet pela necessidade de se ter uma autoridade superior para aprovar a sua posição. Ao acrescentar a palavra "formal", o autor da FSSPX quis privar-nos da certeza correta de nosso julgamento externo, que deveria ser "pura e simples".

Notas de rodapé:

(1) We can find out that Rev. Boulet referred to De Controversis: Concerning the Roman Pontiff, Book II, Chapter XXX (The Last Argument is Answered Wherein the Argument is Taken up, Whether a Heretical Pope Can be Deposed).

(2) St. R. Bellarmine, De Controversis On the Roman Pontiff, translated from the Latin by R. Grant, Mediatrix Press, 2015, page 309

(3) op.cit., page 305

(4) op.cit., page 305, underlined added

(5) St. R. Bellarmine, De Romano Pontifice, lib, IV, c. 9, no. 15


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2. A "citação" retirada do chapéu: Argumento de Charles-Rene Billuart.

Os leitores do "Pequeno Catecismo ..." são confrontados com a pergunta:

"Se um católico estivesse convencido de que [o papa] fosse um herege formal e manifesto, ele deveria, então, concluir que ele não é mais um papa?"

Para responder a isto e opor-se ao ensino de S. Belarmino, que ensina que devemos julgar um herege por seus atos externos, outro teólogo era necessário, Pe. Charles-René Billuart. Aqui temos a opinião mais espantosa:

"De acordo com a opinião mais comum, Cristo, por uma providência particular, para o bem comum e a tranqüilidade da Igreja, continua a dar jurisdição até mesmo a um pontífice manifestamente herético até o dia em que ele seja declarado herege manifesto pela Igreja. "

A nota de rodapé na frase acima está nos direcionando para Billuart, De Fide (Diss.V, A.III, No.3, obj.2).


Embora esta sentença seja dada sem aspas, em publicações posteriores elas serão dadas. Seria significativo, se a citação fosse verdadeira. Vamos abrir "De Fide", para verificar cuidadosamente a fonte da citação: Dissertatio V (De Vittis Fidei Oppositis), Articulus III (De Apostasia): Qui ab Ordine Sacro fine legitima dispensatione retrocedit ad statum Seacularem, est apostata & peccat mortaliter; quia deserit statum cui per Ecclesiam erat solemniter mancipatus, quem deserere vetant plures Canones, poenis impositis contra transgressores.(1)



Em português, isso se traduz como:

Aquele que abandona as Ordens Sagradas sem uma dispensa legítima [para] retornar a um estado laico, é um apóstata e peca mortalmente; porque deixar o estado religioso, cujo qual o mesmo foi inscrito solenemente pela Igreja, é proibido por vários Cânones, que impõem penas contra os transgressores.

A relevância da frase do "Pequeno de Catecismo ..." para a fonte dada na nota de rodapé é nula. Como já foi dito, esta "citação" de Billuart, que é falsa e fabricada, foi espalhada amplamente em vários lugares distantes. Poderíamos até supor que cada distrito da FSSPX o imprimisse em seu próprio boletim, e desde 2001 ninguém ousou verificar a comparabilidade da frase "citada" com a fonte dada! Podemos supor que esta infame sentença seja apenas um resumo (um preciso resumo) da atitude da FSSPX a respeito dos papas heréticos do pós-Vaticano II. Vejamos de novo: "Cristo, por uma providência particular, pelo bem comum e pela tranqüilidade da Igreja, continua a dar jurisdição até mesmo a um pontífice manifestamente herético" - isto é absolutamente inaudito e oposto aos ensinamentos da Igreja. Quão surpreendente que ele tenha sido "citado" como trabalho de Billuart! Os teólogos da FSSPX devem estar desesperados para ter a "citação" para sustentar a si mesmos e nos dar a confirmação de sua própria filosofia.

Não é uma blasfêmia dizer que "Cristo continua a dar jurisdição de Sua Igreja a um pontífice manifestamente herético"? Cristo "por uma providência particular" colocaria Sua Igreja nas mãos do destruidor e trairia Seu Corpo Místico? Ele transformaria seu corpo místico em uma prostituta?

Não devemos duvidar que a idéia de Padre Boulet - e todas as outras apologias dessa idéia de que um herege manifesto ainda seja, pela providência de Deus, um papa - transformaria a Verdade em fraude e o caminho da salvação em danação. Será que os que desprezam Cristo teriam jurisdição e poder sobre aqueles que se reúnem com Cristo, seriam os condenados [ao inferno] escolhidos para governar (no sentido da autoridade de ensinar, codificar a lei moral e o modo de adorar a Deus) sobre os justos e fiéis?

Esta manipulação das mentes dos fiéis feita pelo Pe. Boulet e pela FSSPX como editora de seu trabalho é um abuso, uma decepção e um escândalo. O Rev. Boulet encobriu sua declaração (isto é, a da FSSPX) na autoridade de Billuart.


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3. Omissão da palavra - "secreto" - e suas conseqüências (diabólicas). Argumento do Padre Reginald Garrigou-Lagrange.

Além da falsa referência de Billuart, outra autoridade também foi empregada para apoiar a posição da FSSPX. O autor do "Pequeno de Catecismo ..." apoiou suas opiniões no "De Verbo Incarnato", do Padre R. Garrigou-Lagrange e escreveu:

"O Dominicano Padre Garrigou-Lagrange, baseando seu raciocínio em Billuart, explica em seu tratado "De Verbo Incarnato" (p.232) que um papa herético, embora não seja mais membro da Igreja, ainda pode ser Sua cabeça.

Embora apenas a página (pág.232) de "De Verbo Incarnato" tenha sido dada, é óbvio que fomos direcionados para o Capítulo X, [Christ Grace as Head of the Church], da obra do Pe. Lagrange. No Terceiro artigo deste capítulo, ao expor a definição dogmática da Igreja (Dn. 430) como "congregação dos fiéis", o Pe. Lagrange continua: "A Igreja é definida como "a congregação dos fiéis", na medida em que a fé seja o fundamento e o início da vida sobrenatural". Ele escreveu a conclusão óbvia de que "o herege formal batizado não é um membro atual da Igreja". O último argumento sobre este ponto - contestando que um caráter batismal não é suficiente para uma membresia da Igreja - era que "caso contrário, Cristo seria a cabeça dos batizados que estão condenados" (pág. 319).


Dessa forma, ele chegou à sua "objeção de S. Roberto Bellarmino", que ensinou que os hereges secretos são membros externos da Igreja, e - enquanto dizia "membros externos", S. Belarmino ainda os incluíam como membros da Igreja. Fr. Garrigou-Lagrange opôs-se a isso, afirmando a conclusão de que "os hereges ocultos (secretos) são apenas membros aparentes da Igreja".

O que o Pe. Garrigou-Lagrange definiu é a liderança de Cristo, como a participação na graça. Ele considerava o vínculo permanente interno com Cristo constituído pela Fé. É por isso que ele excluiu hereges secretos da Igreja, embora admitisse que "externamente e visivelmente professavam a Igreja como a verdadeira Igreja". No entanto, superando esta dificuldade, ele disse: 
"Esta condição é bastante anormal (...), ou seja, que o papa se tornando um herege secretamente não seria mais um membro atual da Igreja (...), mas ainda manteria sua jurisdição pela qual ele influenciaria a Igreja ao regê-la. Assim, ele ainda seria nominalmente a cabeça da Igreja, ele ainda governaria como cabeça, ainda que não fosse mais um membro de Cristo, a cabeça invisível e primária ". (Página 319)

Seja como for, Pe. Lagrange não pôde evitar incluir os hereges secretos na união visível da Igreja - "A Igreja sempre consistirá na união visível de seus membros com a sua cabeça visível (...), embora alguns, que externamente parecem ser membros da Igreja Igreja, possam ser hereges privados. "

Concluindo neste ponto, podemos resumir que Pe. Lagrange:

- Definiu a pertença da Igreja como, dependendo da fé, união permanente (união perfeita ou imperfeita) com Cristo;

- Contrariamente a S. Bellarmino, excluiu hereges secretos da membresia da Igreja;

- Referindo-se à possibilidade de um Papa ser um herege secreto, afirmou que "o papa é constituído um membro da Igreja pela sua fé pessoal, na qual ele pode perder, e sua liderança da Igreja visível pela jurisdição e pelo poder é compatível com a heresia privada .";

- Definiu a união visível cuja qual a Igreja consiste, incluindo os hereges secretos (não manifestos!).


A contradição, que ele compreendeu - não-membros, mas participantes de uma união visível - leva-o para o ponto de dúvida (1), que foi posteriormente mal utilizado por Boulet. Este é o ponto que o autor do "Pequeno Catecismo ..." (ilegalmente) usou: ele tomou a parte desta contradição - não-membro - fora de seu contexto. Fr. Garrigou-Lagrange disse que os não-membros da Igreja são sustentados na unidade visível da Igreja apenas em relação aos hereges secretos, que são "membros aparentes da Igreja, que externamente e visivelmente professam ser a verdadeira Igreja". Podemos repetir para enfatizar esta condição substancial novamente: hereges secretos são hereges em seus corações ou pensamentos apenas, mas por suas palavras e ações professam a Igreja. Em outras palavras, não seríamos capazes de notar qualquer diferença entre o membro real e aparente da Igreja. Se pudéssemos ver a diferença, em palavras ou ações, a heresia seria manifesta, não mais secreta.

No texto do "Pequeno Catecismo ..." foi feita uma omissão do adjetivo "privado" (secreto) como um atributo do herege. Além disso, o texto imputa que a versão dada é retirada do ensino deste renomado e respeitado teólogo. O autor não incluiu a mudança na "citação" do Pe. Garrigou-Lagrange e substituiu aqueles que externamente e visivelmente professam a verdadeira Igreja por aqueles que agem e falam de forma manifestamente herética.

Podemos dizer que a "pequena" omissão causou uma grande confusão no ensino da Igreja.



Nota de rodapé:

(1) Provavelmente assumindo que a jurisdição e o poder não são "pessoais" (como a fé é), mas que a jurisdição e o poder são delegados (por Cristo) e - enquanto forem externamente exercidos de acordo com a profissão da Igreja - são compatíveis com uma heresia secreta.


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Conclusão


A posição da FSSPX e da Resistência sobre o papa herege ainda sendo um papa não é apoiada por qualquer ensino pré-Vaticano II.

Pe. Boulet fez essas manipulações para dar a seu argumento a aparência de ter o apoio de vários teólogos altamente respeitados, a fim de tentar provar as raízes ortodoxas desta idéia de um destruidor ser um verdadeiro pastor. Uma vez expostas, essas manipulações só servem para destacar a posição fraudulenta da FSSPX.

Com conseqüências devastadoras, o "Pequeno Catecismo sobre o Sedevacantismo" serviu como um encantamento nas mentes do pessoal da FSSPX e suas ramificações.

A realidade é que o bem comum e a tranqüilidade da Igreja exigem a preservação da fidelidade da Igreja para com Deus.

Um lobo usurpando o papado realiza o oposto.



Nota de rodapé:

(1) Provavelmente assumindo que a jurisdição e o poder não são "pessoais" (como a fé o é), mas que a jurisdição e o poder são delegados (por Cristo) e - enquanto forem externamente exercidos de acordo com a profissão da Igreja - são compatíveis com uma heresia secreta.